Surtos Engatilhados
"mas hoje estou doente de tanta estupidez porque espero ardentemente que alguma coisa... divina aconteça." Ana C.
matemática esquiva
há 30 anos
se ia ana c.
dia 29
aos 31
eu não sei fazer conta
mas seu nome
ressoa de longe
sempre que minto
sobre mim
essa soma abrupta
que revolve a terra pura
denuncia seu corpo
branco açúcar
blue jeans
e essa mulher
que não houve
não coube em si,
não lamenta
seu vulto ancorado no espaço
exterminado anjo louro
a janela aberta
a teus pés
eu pulo daqui
se ia ana c.
dia 29
aos 31
eu não sei fazer conta
mas seu nome
ressoa de longe
sempre que minto
sobre mim
essa soma abrupta
que revolve a terra pura
denuncia seu corpo
branco açúcar
blue jeans
e essa mulher
que não houve
não coube em si,
não lamenta
seu vulto ancorado no espaço
exterminado anjo louro
a janela aberta
a teus pés
eu pulo daqui
EX-TERMINAR
e então é esse ranço, esse avanço
essa ausência de descanso
esse pequeno pranto manso
que desafoga os devires
as mãos estão livres
e daí?
não há onde segurar
na distância que se imprime
falsa é a mansidão
pois que afoga
horas e horas
essa rima frouxa
e sem solução
te ex-termino
baixinho
como água suja
que se es-vai
onde o ralo é puro es-pinho
há um nome feio
por baixo da minha boca
há o rímel
grudado na pálpebra
parece farpa?
é doce-insone-insosso-apenas-teu-nome
essa ausência de descanso
esse pequeno pranto manso
que desafoga os devires
as mãos estão livres
e daí?
não há onde segurar
na distância que se imprime
falsa é a mansidão
pois que afoga
horas e horas
essa rima frouxa
e sem solução
te ex-termino
baixinho
como água suja
que se es-vai
onde o ralo é puro es-pinho
há um nome feio
por baixo da minha boca
há o rímel
grudado na pálpebra
parece farpa?
é doce-insone-insosso-apenas-teu-nome
etílico
é um blues que eu cantaria pra você agora se minha garganta não estivesse seca
pequena melancolia dramática arfando no peito
coisa que com a manhã de sol não condiz
não condiz
apalpo umas coisas espalhadas, sem saber
infelicidade de ver
rima pobre
vértice não, vísceras
vou bem, obrigada
aceito sim, um chá
aceito tudo, aliás
sou muito receptiva, dizem
quer? quero
então vamos
vamos vamos
dá um cigarro
aquela velha história de ter que ter
algo nas mãos
pode ser uma faca, uma pedra torta
mas afinal
ria, me faça rir também
escolher coisas pra falar
escolha
- não é a primeira vez que acontece mas das outras eu fingi que não acontecia
some
e me leva
me escolhe
vou ler teus poemas debaixo do muro
vou virar um gato arisco no escuro
pequena melancolia dramática arfando no peito
coisa que com a manhã de sol não condiz
não condiz
apalpo umas coisas espalhadas, sem saber
infelicidade de ver
rima pobre
vértice não, vísceras
vou bem, obrigada
aceito sim, um chá
aceito tudo, aliás
sou muito receptiva, dizem
quer? quero
então vamos
vamos vamos
dá um cigarro
aquela velha história de ter que ter
algo nas mãos
pode ser uma faca, uma pedra torta
mas afinal
ria, me faça rir também
escolher coisas pra falar
escolha
- não é a primeira vez que acontece mas das outras eu fingi que não acontecia
some
e me leva
me escolhe
vou ler teus poemas debaixo do muro
vou virar um gato arisco no escuro
Anamorfose
“Tenho uma folha branca e limpa à minha espera”
(Inéditos e Dispersos, Ana Cristina César)
(Inéditos e Dispersos, Ana Cristina César)
saltam instantes da janela
ares sutis
exacerbadas vicissitudes presas no tempo-espaço
tem uma pilha de louça à minha espera
ares sutis
exacerbadas vicissitudes presas no tempo-espaço
tem uma pilha de louça à minha espera
ando assim lúdica
tal qual lucidez que me habita
estamos no nono andar
vertigem insinuada aos olhos
não percamos as utopias
- tem uma pilha de vida à minha espera
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